quarta-feira, 19 de março de 2014

Do amor. por Pedro Mexia.

Delicioso, este texto de Pedro Mexia, com muito de ditos populares e outro tanto de debate interno.
Atentem.

«Se não queres casar mal, casa com igual». Este provérbio é talvez, na sua origem, um adágio «classista», embora avisado, e empiricamente comprovável. O casamento é uma instituição que faz da «vida a dois» uma vida em comunidade, e a homogeneidade social é uma vantagem. Parece-me que o provérbio é «reaccionário» não por ser classista mas por estar apenas preocupado com o «casamento». Até porque não faria qualquer sentido dizer: «se não queres amar mal, ama quem te seja igual». Amar é querer alguém que nos é intensamente desigual. Pode haver afinidades e cumplicidades, e até pode tudo acabar numa idílica «união de iguais»: mas à partida o impulso amoroso é um impulso de desigualdade, porque é um sintoma da incompletude.


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