Confesso que todo o aparato mediático criado em torno dos ENVC me desmotiva a seguir com atenção aquilo que podia (e pode ainda) ser a recuperação de uma das mais importantes empresas do Alto Minho.
Apesar da contra-informaçao habitual nestes casos, os estaleiros parecem viver uma situação de falência ha vários anos, com sucessivos episódios de negócios cancelados, promessas não cumpridas, entre outros. Como primeira opção, o Estado decidiu privatizar mas logo se insurgiu a UE a anunciar que a capitalização de 180M feita aos ENVC era ilegal, fazendo parar todo o processo. Encontrada a alternativa da concessão (poder-se-à discutir os valores da renda anual - 415 mil euros), a empresa ENVC é obrigada a encerrar, colocando 620 trabalhadores no desemprego. É aqui que entra a Martifer - grupo empresarial que ganhou a concessão - e também se abre a guerra.
Os trabalhadores, ao queixarem-se da nova situação em que se irão ver, parecem esquecer que viveram pendurados num apoio pouco legítimo, digo eu, de um patronato que tentou aguentar a empresa, mesmo quando ela já não apresentava resultados positivos. Gorada que foi a opção da venda, a concessão surge como um mal menor, permitindo a repescagem de uma boa parte (senão maioria) dos trabalhadores, detentores do know-how necessário para prosseguir a trabalhar na área e colocar a nova empresa em modo cruzeiro num menor espaço de tempo.
Como em todos os grandes negócios (públicos) neste país, o processo não estará isento de falhas. Muito menos se poderá deixar de encontrar semelhanças entre o caso ENVC e o das Minas da Panasqueira, actualmente exploradas também pela Martifer. Mas esta questão é, do meu ponto de vista e nesta altura, um ponto secundário a abordar. Importa pois que a nova empresa arranque já em Janeiro e que a grande maioria dos bons trabalhadores dos ENVC seja integrada nos seus quadros, levando a um novo impulso na economia regional e também nacional.
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