Quando nós apercebemos, vemos que a língua portuguesa não é mais a nossa pátria apenas, mas perece querer ser a pátria dos outros.
João Soares, deputado do PS (por quem não tenho uma especial admiração) escreveu esta semana a Xanana Gusmão, apelando-lhe que vetasse a entrada da Guiné Equatorial na CPLP. Não podia concordar mais. Após anos de insistência para a entrada do país na comunidade e com repetidos vetos por parte do governo português, eis que agora o nosso estado se torna fraco perante um país que, hoje em dia, já pouco tem de português, onde nem a língua já é a nossa.
Estamos a referir-nos a uma das mais longas ditaduras actuais, ao regime com o líder que mais tempo se está a prolongar no poder ( desde 1979) onde os direitos humanos são diariamente violados. O pais é também famoso por ser um entreposto do narcotráfico, mas sobretudo é cobiçado pela exploração de petróleo, cuja produção é semelhante à do Kuwait. O seu líder, Teodoro Obiang, é considerado o oitavo chefe de estado mais rico do mundo.
À parte de todos estes pontos negativos enumerados - com a violação dos direitos humanos e a ainda existência da pena de morte - a língua oficial do país é o Espanhol. Sim, escrevi correctamente. Embora tenha sido povoada e colonizada pelos portugueses, o território guineense foi passado para a administração espanhola no século XVIII.
Este aspecto, só por si, deveria impedir a entrada de um país numa comunidade de nações cujo denominador comum é a sua língua. Entristece-me ver como os poderes económicos e financeiros se sobrepõem aos culturais. O dinheiro nunca foi tão importante, nem o seu valor tão decisivo para as escolhas governativas.
PS: devo acrescentar que, numa espécie de contrapartida, o estado aceitou a entrada de capital guineense no Banif, ajudando (a ver vamos) a sanear as contas de mais uma má gestão privada à qual o país (leia-se o Estado) põe a mão por baixo.
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